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the story *

Numa noite escura, decidi apanhar ar fresco, para desanuviar. Peguei nas chaves do carro e fui para a beira da praia, estava a ficar frio, foi então que me lembrei dele, da pessoa que tinha deixado há poucos dias, sempre que eu tinha frio ele dava-me o seu casaco para me aquecer. 


Sofremos os dois muito, mas eu não quis uma despedida, são sempre tão más e eu odeio isso… limitei-me a dar-lhe um abraço apertado e um ultimo beijo, e disse-lhe “Talvez um dia quem sabe.”



Ele ficou devastado, saí perto dele e virei costas, sem olhar para trás, sim para ele não ver aquele meu rosto todo borratado da maquilhagem por causa das lágrimas mas também por causa da chuva que caía intensamente. 

Parecia que a mãe natureza sabia que estava a ser um mau e difícil dia para mim também estava a ser para ela própria.
Será que devo ligar-lhe? Vou fazê-lo. 
CHAMADA PERDIDA: 
eu: olá.
ele: olá.
eu: sabes onde estou neste momento? 
ele: não. 
eu: no lugar onde nos conhecemos… 
ele: ah, olha tenho de desligar. 
eu: está bem, foi bom… 
ele: (desliga)
Fiquei pior que estragada, começa a chover, voltei para casa e novamente com a cara toda borratada da maquilhagem, esperei por uma chamada dele, nada. 
Acabei por adormecer em cima do telemóvel e acordar com ele na barriga a vibrar, será que é ele? Sim, é.
Tivemos uma conversa muito idêntica à da noite passada, mas desta vez fui eu que não dei o braço a torcer e desliguei-lhe a interrompê-lo, tal e qual como ele fez.
Acho que este episódio é impossível, ele está noutra e eu também devia de seguir com a minha vida, visto que fui eu que decidi terminar tudo.
A verdade é que não consigo deixar de pensar na conversa que tive com ele. Eu não devia ter desligado, mas pode ser que ele volte a ligar, um dia quem sabe.
Este foi dos dias mais escuros de toda a minha vida, desmarquei o almoço importante com os meus pais, recusei a ajuda dos meus amigos e decidi ir sozinha para a noite escura e sombria.
O meu bairro é um dos mais temidos aqui da zona, e todas as semanas a polícia vem rondar para ver se encontravam traficantes de droga, pessoas com armas, coisas deste género.
A verdade é que tenho medo, há tiros neste bairro, tenho medo de ir a passar de noite e ser atingida, tenho medo de morrer…
O pior é que neste dia estava parto disso, o meu medo reflectiu-se na realidade…
Estava a sair de casa, quando dois rapazes, provavelmente da minha idade, vinte e poucos anos, me agarraram e pediram-me para não gritar se eu o fizesse, eles esfaqueavam-me. 
Eu gritei, e como eles avisaram fizeres um grande corte com a navalha que tinham, depois fugiram, e foi aí que apareceu alguém que me acudiu.
Um rapaz novo, que tinha acabado de chegar ao bairro levou-me ao hospital e sem me conhecer, apoiou-me sempre, até eu ficar bem.
Já trocamos o número dos telemóveis, mas acho que não vai ser preciso, ele mora mesmo à minha frente.

FRASE DO DIA: a força do meu coração, a simplicidade e poder do alto da minha bela idade... do alto dos arranha-céus!


Foi aí que tudo começou a ir ao sítio, novamente. Comecei a esquecer o outro e comecei a ter o tempo preenchido com o meu vizinho da frente.
Se eu não me tivesse magoado nem o conhecia ou será que conhecia? é que toda a gente já sabe da existência dele, e todas as pessoas do prédio, às 10h da manhã em ponto estão à janela só para o ver vestir a roupa ou com sorte embrulhado na toalha do banho.



Andamos sempre os dois muito próximos, mas hoje incomodou-me uma coisa...

...fomos para o sítio onde eu conheci o outro!
Ele percebeu o meu nervosismo e perguntou-me o que se passava, eu contei-lhe tudo.
Ele diz que me quer proteger mais do que nunca! 
Saímos da praia e fomos para casa dele, estivemos a ver um filme, ele cada vez me abraçava mais, acabamos por adormecer no sofá.
No dia seguinte acordamos, ele pediu-me para eu espreitar a janela, fiz o que ele pediu, estava toda a vizinhança (mulheres) a olhar para ele.
Tivemos uma noite muito... romântica!
I like it!
Vou falar-vos agora mesmo de uma parte íntima e complicada da minha vida. Eu e os meus pais não estamos completamente em harmonia ou em paz, como estávamos antes. 
Eles acham-me culpada da perda do meu irmão, sim, mesmo a perda dele… faleceu, eu estava com ele dos braços, adormeci com a cabeça pousada na barriga dele, acordei, e ele já não estava lá, estava gelado, estava branco. 
Eu ainda tinha esperanças que aquilo se compusesse. Pousei-o em cima da minha cama, comecei a orar todas as orações que sabia, com a cara enxaguada em lágrimas, tentava que dessem uma oportunidade… mas não. 
Liguei aos meus pais a contar tudo, chorava e falava, soluçava e tremia, com ele no meu colo ainda… 
O meu irmão era sempre quem me defendia do mundo, era pequeno, tinha aquele sorriso aberto para mundo e especialmente para mim, porque sei que ele gostava muito de mim, como eu gosto dele, ainda. 
Estejas onde estiveres, espero que estejas bem. Espero que estejas no paraíso como tu tanto querias, és a estrela que ilumina os meus sonhos, os teus olhos são o iluminar do dia e o teu sorriso o iluminar da noite! 
Mas tu, desde o dia que nasceste, foste sempre a razão dos meus dias acabarem bem. 
Desculpa não te ter salvado, eu adoro-te BROTHER! 
Ando a ficar completamente assustada, ando a ouvir coisas que me deixam confusa e até com algum medo… 
Disseram-me então que o meu avô antes de falecer deu três voltas à casa, dava uma volta e deitava-se, voltava a levantar-se e deu a segunda, deita-se, levanta-se e volta a dar a ultima volta, volta a deitar-se. Na manhã seguinte estava morto! 
Disseram-me depois, que a esposa do meu falecido avô, ou melhor a minha avó antes de falecer acendeu três vezes a luz do seu candeeiro, acende a primeira, desliga, acende, desliga, acende e desliga. Na manhã seguinte estava morta na sua cama! 
O mais estranho é que o rapaz com quem tenho saído para me divertir, o meu NOVO VIZINHO tem três estrelas tatuadas nas costas, coisa que me assusta… tenho uma amiga que tem três estrelas tatuadas no pé… assustador! 
A minha casa tem TRÊS quartos; a minha família cá em casa sem contar comigo são TRÊS pessoas; tenho cinquenta e TRÊS contactos no telemóvel, actualmente utilizo TRÊS para falar; quando meto perfume esguicho TRÊS vezes em direcção a mim; até agora só beijei TRÊS rapazes… 
O que me assustou mais, é que a última foto que tirei, apenas TRÊS dos meus dedos ficaram nela… ah lembrei-me de outra coisa, deixei TRÊS disciplinas por fazer agora vou ter o décimo TERCEIRO ano de escola ... tenho medo! 
 Mais coincidências não, por-favor! 
( cinco horas da manhã 5:00 am )





Acordei agora mesmo, cinco horas da matina, os meus pais combinaram um pequeno almoço há bastante tempo para hoje, sinceramente não me apetece nada ir. Vou deixar-me ficar em casa... ou então vou fugir para bem longe daqui; conheces alguma ilha desabitada?!
Já são quase onze horas e estou com o telemovel cheio de chamadas não atendidas; dos meus pais como é óbvio. Liguei-lhes e disse-lhes que tinha adormecido e que também não ando com cabeça para sair com alguém, incluindo os pais. Como é natural ficaram chateados comigo, com um bocadinho de razão admito.
Acho que estou a dar em doida de estar aqui fechada, logo à noite vou tentar renascer e voltar a ser como dantes, livre e solta, uma verdadeira asa delta.

(três e dezassete da manhã - 3:17 am)

Cheguei agora a casa, sim fui sair e esperava espairecer um pouco mas não sabem quem encontrei lá, som o meu ex-namorado, esse mesmo. Confesso que ele não me é indiferente, dei fé disso quando o vi a acariciar o cabelo da sua nova namorada... ela realmente é linda, olhos claros, cabelos até à anca loiros a fugir para o castanho... o contrário de mim, totalmente!
Sempre que os nossos olhares se trocavam um dos dois desviava o olhar para não dar nas vistas, decidi ligar ao meu recente companheiro, o vizinho da frente. Ele foi lá ter comigo e notou que se passava alguma coisa, existia algo que nao batia certo para ele e uma coisa que eu tenho é dizer sempre a verdade pura e dura, doa a quem doer eu digo sem hesitação, medo ou qualquer outra emoção que possa haver mas desta vez não calculei o tamanho das consequências e fiz estragos grandes, acabou tudo, o vizinho da frente e o romance de algumas páginas atrás acabou...
Saio do bar para apanhar ar, começo a chorar e de repente a chuva cai intensamente, agora sou só eu, apenas eu, outra vez!

 EU: Sinto-me exausta, estou farta de chorar por sentir a tua faltar e saber que já não me pertences, não encaixa em mim, podias pelo menos trazer o que ainda tens meu, ou pelo menos parte dele, traz também alguma coisa especial para curar a ferida… Trás o teu amor de volta juntamente com o meu coração, fazes também com que ele sobreviva? Um sopro no coração, um sopro no coração… Sei que to dei mas não posso e não aguento mais, preciso do músculo para sentir a minha pulsação, para me sentir viva. Trá-lo como quando me trouxeste o primeiro ramo de flores, como quando me deste o teu sorriso, o teu primeiro sorriso.
 resposta dele: não te roubei nada, pelo contrário, faço questão que o leves contigo e que fiques com ele. O passado já passou e tenho um destino, a linha que o horizonte traça… quero ficar teu amigo, porque confio em ti! Também tens uma coisa que me pertence… o meu sorriso! Até os meus amigos notaram que tu ainda tens ligação comigo…
 EU: Como tu dizias o passado já lá vai e para que queres o mesmo sorriso? O sorriso que o passado te deu? O sorriso que eu construí com beijos e desejos, abraços e fracassos? É isso que queres? Ou esperas que outro alguém construa um sorriso mais teu, um mais parecido contigo… já que não temos a nossa compatibilidade… aquela que nós sabemos!
resposta dele: perfeita para mim? TU!
 EU: Pois, claro e ficam juntos e felizes para sempre…
resposta dele: casas comigo?
 EU: Não exageres, TOLO!
 resposta dele: Isso é uma resposta positiva ao meu pedido de desculpas?
 EU: O que te interessa isso?
resposta dele: AMO-TE!
E foi assim, querido diário, foi assim que voltei a ver a luz ao fundo do túnel, foi assim que o passado me compensou, com ele. 
Hoje tenho uma família, e prometo que vou proteger todos e nunca irei deixar que alguém os magoe, como me magoaram a mim.  
Hoje, eu sou muito feliz.