Era uma idiota. Como é possível, em pleno seculo xxi, achar que encontraria a minha alma gémea? Como se as almas gémeas existissem… Sinto-me uma romântica incurável. Eu e a mania de viver acima das nuvens… Até era um bom sitio para se viver, ao menos podias sonhar com o que quisesses. Para mim, nas nuvens ou em terra, estava dedicada a idolatrar-te e se isso implicava que fosse à distância, não me restava mais nada senão aceitar. “Só podes ser uma aparição de outro mundo. Nem mais nem menos.” Estava doente de amor, comia gelado como não houvesse amanhã e dizia coisas mesmo de quem sofria por afecto.
Mas eu era. Jã não sou. Não voltarei a ser, pelo menos não por ti. Aprendi a viver com falta de, com a perda de, com a ausência de… tu, já não és nada. És uma coisa, aquelas que não se querem de volta.
Ontem chorei. Por tudo o que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo o que se perdeu. Por nos termos perdido. Pelo que queríamos ser e não fomos. Pela desistência. Pelos valores que nunca me foram dados. Pelos erros que cometemos. Pelos acertos que nunca foram festejados. Palavras perdidas. Sem versos. Guerras de dia-a-dia. Tentativas de sobrevivência. Apelos de paz negados. Pelo amor entornado. Pelo amor sentido e capturado. Pelo amor que se perdeu. Pelo respeito empoeirado em cima da mesa-de-cabeceira. Pelo carinho perto das fotografias dos nossos abraços. Pelos sonhos desafinados, abalados e demorados. Pela culpa. Minha. Tua. Pela nossa culpa. Por tudo o que foi e disse adeus. Para sempre.
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